FRANSISCO CORREIA DE HERÉDIA (VISCONDE DA RIBEIRA BRAVA)
Francisco Correia de Herédia nasceu na Ribeira Brava, ilha da Madeira, a 2 de abril de 1852, sendo filho de António Correia de Herédia e de D. Ana de Bettencourt de Sá Esmeraldo Herédia, descendentes das mais antigas e nobres famílias da Madeira. O título de Visconde da Ribeira Brava foi-lhe atribuído pelo Rei D. Luís I, a 4 de maio de 1871.
Formado em Letras e um notável esgrimista, Francisco Correia de Herédia foi Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, comendador de várias ordens e ocupou posições importantes, nomeadamente governador civil dos distritos de Beja, Bragança e Lisboa, no período da monarquia e durante a 1ª República.
Após o casamento com D. Joana Gil de Borja de Macedo e Menezes, Francisco Correia de Herédia foi ligado à Vila de Vidigueira. A carreira política do Visconde da Ribeira Brava ficou bastante agitada e reflete a instabilidade que caracterizou a política portuguesa no final do século XIX. Com efeito, o visconde desempenhou um papel importante nos acontecimentos que revolucionaram a cena política da época, como o assassinato do Rei D. Carlos I, a 1 de fevereiro de 1908. Após a proclamação da República, o visconde entrou para o Partido Republicano Português e deixou de usar o título nobiliárquico que possuía, por entender que não se encaixava nos seus ideais republicanos, acrescentando então ao seu nome “Ribeira Brava”: Francisco Correia de Herédia Ribeira Brava.
Perseguido pelo governo sidonista, Francisco Correia de Herédia foi morto, a 16 de outubro de 1918, num misterioso tiroteio em Lisboa, enquanto era transferido para outra prisão juntamente com outros presos políticos.
PADRE MANUEL ÁLVARES
Nascido por volta de 1526, na aldeia da Ribeira Brava, Manuel Álvares era filho de Sebastião Gonçalves e de Beatriz Álvares. A 11 de agosto de 1538, foi ordenado ad primam clericalem tonsuram na Igreja de São Bento da Ribeira Brava. Por volta de 1545, Manuel Álvares conheceu um membro da ordem recém-fundada por S. Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus, que veio curar-se de uma doença na ilha da Madeira quando se dirigia para a Índia. Este encontro foi suficiente para que Manuel Álvares partisse para Lisboa e ingressasse como noviço nessa ordem.
Desde muito jovem começou a desenvolver o gosto pelo estudo da Gramática. A 4 de junho de 1546, Manuel Álvares entrou no Colégio de Coimbra, onde dedicou-se ao estudo do Latim, do Grego (antigo), do Hebraico e da Filosofia. Por ordem superior, mas contra a sua vontade, também estudou Teologia.
Sete anos mais tarde, começou a ensinar nas escolas públicas do Colégio de Santo Antão, em Lisboa, tornando-se professor e reitor do Colégio de Artes e das Faculdades da Empresa de Lisboa, Évora e Coimbra.
A sua fama de poeta, humanista, gramático e latino ultrapassou as fronteiras, sendo responsável pela organização de um compêndio gramatical que dominou toda a educação europeia por mais de 200 anos, um feito único na cultura portuguesa.
No entanto, as suas atividades não se limitaram a esta única obra. Com efeito, Manuel Álvares também escreveu uma obra numismática, “De Ponderibus et Numeris”, e editou as “Cartas dos Padres da Sociedade que andou na Índia e outras partes do Oriente” (1563), edição que tem várias traduções. Esta figura da igreja foi, ainda, um orador exímio, autor de uma oração de sapiência intitulada “Oratio de Laudibus Regis Ioannis Tertii” (1556), e publicou uma edição crítica dos epigramas de Marcial.
A 28 de dezembro de 1583, Manuel Álvares morreu, aos 57 anos, na Faculdade de Évora.
JOSÉ FERREIRA PESTANA
José Ferreira Pestana nasceu, a 26 de março de 1795, na freguesia da Ribeira Brava, tendo como pais o capitão-mor da Ribeira Brava, Manuel Ferreira Pestana, e D. Ana Teresa Sousa Pestana. Os seus estudos preparatórios foram realizados no Funchal e, em 1815, foi para Coimbra para se matricular na Faculdade de Filosofia e Matemática da Universidade. Na sua vida académica, na Universidade de Coimbra, revelou ser um estudante brilhante, o que lhe fez ser proposto pela respetiva congregação universitária para receber gratuitamente os graus de licenciado e de doutor pela Faculdade de Matemática. Em março de 1821 voltou à sua terra natal, onde, até 1823, regeu a cadeira de Aritmética, Geometria e Trigonometria. Pretendendo seguir uma carreira na docência universitária regressou a Coimbra a fim de desempenhar o cargo de ajudante do Observatório Astronómico de Coimbra, que exerceria de 1823 a 1828, e preparar-se para o concurso ao magistério da Universidade. Em 1827 foi nomeado, por concurso, lente substituto de Foronomia. Porém, as lutas civis, que conduziram à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), levaram-no a interromper a carreira académica e a abandonar Coimbra. Apenas em 1834, por decreto de 14 de julho desse ano, é que foi nomeado para a Faculdade de Matemática.
No capitulo político, José Ferreira Pestana juntou-se à reação contra o governo Miguelista, expondo-se às perseguições do absolutismo. Ele foi preso nas cadeias do Porto, onde permaneceu por um longo período de tempo. A 9 de abril de 1829 foi condenado à morte, mas teve a sentença comutada a degredo perpétuo em Angola, com a aplicação da pena de morte se, porventura, tentasse voltar a Portugal.
Ferreira Pestana representou a Madeira nas sessões legislativas, de 1836 a 1852, e também foi membro de Coimbra. Paralelamente, foi chamado para o conselho da coroa, sendo nomeado ministro da Marinha e exerceu, ainda, o cargo de governador civil, em 1862.
Em 1875, José Ferreira Pestana aposentou-se. Dez anos depois, a 12 de junho de 1885, morreu em Lisboa com 90 anos.
DIOGO DE TEIVE
Diogo de Teive era filho de Lopo de Afonso de Teive e Leonor Ferreira. Foi capitão de caravela e escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. A 1 de janeiro de 1451, Diogo de Teive desembarcou na ilha Terceira como ouvidor do Infante D. Henrique, tendo realizado duas viagens de exploração para Ocidente do mar dos Açores. Em 1452, no regresso da sua segunda viagem, descobriu as ilhas das Flores e do Corvo. Inicialmente, estas duas ilhas foram consideradas um novo arquipélago levando o nome de ilhas “Floreiras”.
A 5 de Dezembro de 1452, Diogo de Teive celebrou um contrato com o Infante D. Henrique para a instalação de um engenho hidráulico de açúcar na ilha da Madeira. Viveu na freguesia da Ribeira Brava, em 1472, e detinha os direitos das ilhas conquistadas até 1474, juntamente com o seu filho. Nesse mesmo ano, D. Fernão Teles e Meneses casou-se com D. Maria de Vilhena, tendo adquirido os direitos sobre as ilhas.
D. MANUEL JOAQUIM GONÇALVES DE ANDRADE
Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade nasceu, a 14 de março de 1767, na paróquia de Campanário, sendo filho de Nicolau Gonçalves de Andrade e de Maria de Andrade. Realizou os seus primeiros estudos na ilha da Madeira, tendo continuado a estudar mais tarde no Continente. A 8 de setembro de 1797, com a idade de 22 anos, foi ordenado sacerdote e, tempos depois, foi para o Brasil.
A 28 de outubro de 1827 foi nomeado bispo da Diocese de São Paulo, no Brasil, cargo que desempenhou até 26 de maio de 1847, data em que faleceu aos 72 anos.
FRANCISCO JUSTINO GONÇALVES DE ANDRADE
Francisco Justino Gonçalves de Andrade nasceu, a 18 de fevereiro de 1821, na paróquia de Campanário, sendo filho do tenente Joaquim Gonçalves de Andrade e de Caetana Maria de Macedo. Aos 18 anos, após concluir seus estudos no Liceu do Funchal, embarcou para o Brasil, onde se matriculou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 1850, completou a sua formação em Ciências Jurídicas e Sociais, tendo recebido o doutoramento no ano seguinte, altura em que começou a lecionar na Universidade de São Paulo. Pela vastidão de seu conhecimento e desempenho brilhante no seu trabalho, juntando um caráter notável e rigidez de princípios, tornou-se uma figura estimada e admirada no império brasileiro.
CÓNEGO JOÃO JACINTO GONÇALVES DE ANDRADE
Nascido na freguesia de Campanário, no dia 10 de fevereiro de 1825, João Jacinto Gonçalves de Andrade frequentou o seminário e foi ordenado sacerdote no Funchal. Emigrou para o Brasil, onde se juntou ao seu irmão, Francisco Justino Gonçalves de Andrade (professor da Universidade de São Paulo), e ao seu tio, D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade (bispo de São Paulo).
Frequentou a faculdade de Direito e, mais tarde, obteve o seu doutoramente, tendo sido nomeado professor da Faculdade de Direito de São Paulo. No entanto, Gonçalves de Andrade nunca abandonou as suas funções eclesiásticas.
O Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade foi considerado uma figura de prestígio na cidade de São Paulo, onde viveu a maior parte de sua vida, tendo falecido a 16 de janeiro de 1898.